Kawane Menezes
A incrível arte do sentir.
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"MEU NOME NÃO É PSIU"
Olá meu nome é Kawane, tenho 17 anos, estou aqui para compartilhar um fato que ocorreu a quase uma semana na região central de São Paulo, estava eu voltando de uma reunião da empresa onde trabalho e ao passar por uma calçada onde haviam alguns bares ouvi algumas piadinhas como “ei gostosa volta aqui, fiu fiu, oh morena gostosa, psiu,psiu”, e se tem uma coisa que me irrita mais do que homens com autoritarismo sobre as mulheres, são suas piadinhas machistas e ofensivas, mas o assédio verbal é algo que eu como centenas de outras mulheres sofremos constantemente, não é nem um fato isolado, porém, mesmo com muita raiva, continuei meu percurso sobre a mesma calçada, foi quando um rapaz de meia idade, atravessou minha frente e disse “oh desculpa gostosa” olhei pra ele com a cara mais feia que consegui fazer no momento e mostrei o dedo, talvez eu tivesse agido errado no entanto não pensei de imediato, e então o cara me olhou como se fosse um monstro prestes a atacar e então desviei da sua direção, e  ele se juntou aos outros marmanjos escrotos no bar e continuaram falando besteiras, porém tive de parar e esperar o sinal fechar para que eu atravessasse, haviam outras mulheres passando pelo local e percebi que o assédio era constante, no entanto elas não ligavam, (davam até risadinhas)  e então aquele cara, é, aquele mesmo cara de meia idade que atravessou minha frente antes, chegou sem eu perceber encostou ao meu lado e disse “ei gostosa fiquei tão excitado com aquele dedo que você me mostrou e aquela carinha brava, mostra de novo vai” naquela hora meu sangue subiu, o cara não tinha sinal algum de embriaguez, estava bem vestido, mas é aquela coisa, quem vê cara não vê coração, e o sinal fechou para os carros e eu atravessei, com muita raiva, vi uma viatura parar próximo ao bar, e pensei em voltar, então voltei ao bar, e não sei distinguir qual foi a reação exata daqueles caras, porém parei na frente deles e perguntei qual deles tinham filhas, eles sem entenderem não responderam continuaram sem reação na minha frente, então eu disse a eles que eu era filha de alguém, menor de idade e mulher, aquilo era assédio e crime, aquele cara de meia idade saiu de dentro do bar e se aproximou, falei em um tom mais alto que se eu gostasse de homem estaria com um ao meu lado, no entanto eu não gostava e não estava com nenhum como eles podiam notar, disse  que teria vergonha e mais ainda nojo de ter um pai como qualquer um daqueles, enquanto eu falava percorri  meus olhos procurando por um anel ou um sinal de que eram comprometidos, deviam ter uns oito caras, e a maioria estava usando um anel/ aliança, inclusive aquele bem vestido que atravessou meu caminho, e falei pra quem quisesse ouvir que desejava do fundo do meu coração que as filhas deles nunca passassem por esse constrangimento é horrível, nos dói e nos faz nos sentirmos um lixo e ainda disse que jamais na minha vida me casaria ou ficaria com qualquer um daqueles monstros, e não importava a roupa que eu usava ou nada, até por que não tenho que seguir padrão nenhum para que me respeitem, nessa hora notei uma aglomeração maior de gente, e continuei falando que achava tão nojento aquelas piadinhas quantos aos próprios monstros ali, disse que diferente das mulheres que gostaram das piadinhas e sairão  rindo eu não gostava nem um pouco e me sentia ofendida, falei pra tomarem cuidado com quem eles mexem, afinal mexem sempre com filhas, irmãs e  mulheres de alguém e não importava se esse alguém era uma outra mulher, apenas que deviam tomar vergonha na cara e se colocarem em seus lugares, e então notei que caia uma lágrima do rosto daquele homem de meia idade, e vi mulheres junto a aglomeração me olhando espantadas, então me virei pra elas e disse que não somos obrigadas a este tipo de violência e nem nenhuma outra, somos humanos, somos mulheres não vão calar nossas vozes, durante anos fui vitima de violência, mas estava farta e  agora era hora de dar um basta, então virei as costas e sai, ainda brava porém com a consciência tranquila de que o recado estava dado, ouvi alguns aplausos mas nem olhei para trás, eu só queria sair dali, virei a rua mais próxima e sai... Eu não quero aplausos, quero conscientização, respeito e segurança, meu nome não é psiu.
Kawane Menezes da Rocha
Enviado por Kawane Menezes da Rocha em 28/03/2016
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